A estratégia espúria para atacar Raul Zaidan: - "Quem conta um conto, aumenta um ponto".

20-12-2010 14:16

Uma brincadeira simples, feita, inclusive, nas salas de aula dos estudantes de psicologia, é ideia do “telefone sem fio”, basta lançar uma frase no ouvido de uma das pessoas presentes em uma sala e esta, transmitir ao ouvido da outra até chegar a última pessoa do círculo, no final, a frase fica irreconhecível. A Revista Veja desta semana publicou uma matéria chamada “Velozes e Furiosos”, que fala de um esquema descoberto pela Polícia Federal que envolve a Construtora Marquise, Nelson Pequet, seu filho Nelsinho Piquet e os pilotos da Stok Car, Xandy Negrão e Diego Nunes. A Veja diz, literalmente, que “Em outras conversas, diretores da empreiteira Marquise combinam uma propina de 200.000 reais com o chefe da Casa Civil do Amazonas, Raul Zaidan”. Não se sabe quem soprou a frase no ouvido da Veja, mas se sabe que a mídia local já transformou a frase em acusação de corrupção por Raul Zaidan. Interessante que um dos periódicos locais, apesar de acusar Raul, destacou no bojo da matéria dizendo “Veja o trecho em que a negociação da propina é citada”.

Segue agora O OUTRO LADO DA MOEDA:

Segundo “fofocas” que chegaram ao conhecimento de Raul Zaidan, na semana retrasada, uma interceptação telefônica flagrou duas pessoas ligadas a Construtora Marquise, falando que teriam que entregar 200.000 mil reais a Raul Zaidan para resolver problemas da empresa em Manaus. A pessoa que trouxe a informação a Zaidan, disse que ouviu a conversa de um advogado amigo, o qual, teve acesso aos autos (que corre em segredo de justiça). Raul disse que não podia fazer nada, porque não tinha conhecimento oficial, mas estava tranquilo, pois não participou de nada desta natureza. Os fatos verdadeiros  são: - Raul Zaidan jamais pediu propina a ninguém, mas, existe uma conversa telefônica, entre pessoas da Marquise - e não com Zaidan - usando seu nome para pedir propina, o que pode vitimar qualquer pessoa de bem.

A propósito, trago à análise o caso do então Deputado Federal Ibsen Pinheiro, esclarecido anos depois de sua injusta cassação, através de matéria publicada na Revista “ISTOÉ” do dia 18/08/04, que vem precedida do seguinte título:

“A verdade aparece”. “Onze anos depois de ser cassado, Ibsen  Pinheiro descobre que mau jornalismo provocou seu martírio.”. A matéria traz em seu bojo o seguinte:

“... Mas uma revelação de um repórter em artigo enviado para o livro a  ser lançado pelo ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) mostra que a descoberta da verdade independe de mecanismos repressivos. Em 1992, Fernando Collor teve seu impeachment aprovado pelo Congresso. Um ano depois foram cassados parlamentares por corrupção na célebre CPI do Orçamento. No centro dos dois casos estava Ibsen. Político em franca ascensão, ele comandou a sessão que abriu o caminho para o impeachment. Um ano depois, enfrentou um calvário que culminaria em sua cassação, escudada em uma acusação de envolvimento com a Máfia do Orçamento. Passada uma década surge uma revelação que obriga a revisão da história. O jornalista Luís Costa Pinto (Lula), à época editor da revista Veja em Brasília, decidiu contar os bastidores da reportagem de capa de sua autoria, em novembro de 1993, onde afirmava que a CPI descobrira que Ibsen movimentou US$ 1 milhão em suas contas. O relato acusa Waldomiro Diniz, então assessor do atual ministro José Dirceu (PT-SP), de ter vazado uma “falsa prova”. Além de confessar um erro, Costa Pinto revela detalhes da história que foi decisiva para incinerar Ibsen. Junto com o mandato, o ex-presidente da Câmara perdeu dez quilos e tempo indagando os motivos de sua ruína política. ISTOÉ o procurou para falar de seu livro e teve acesso ao artigo de Costa Pinto.

(...)

Versão mantida – O jornalista conta que a revista  identificou o erro nas contas de Waldomiro: não seria US$ 1 milhão, mas apenas US$ 1 mil. Como a edição estava praticamente fechada – relembra Costa Pinto –, o editor-executivo, Paulo Moreira Leite mandou encontrar alguém que sustentasse a versão de US$ 1 milhão. Acharam o deputado Benito Gama (PFL-BA), membro da CPI e ex-presidente da CPI/Collor. Costa Pinto diz que contou a Benito sobre o erro. A reportagem manteve o valor de US$ 1 milhão com a frase de Benito: “É fundamental não errarmos nas contas de Ibsen. E não erramos.” Erraram sim, de propósito.

A seguir, o artigo escrito pelo jornalista Luís  Costa Pinto, que foi editor e chefe da sucursal de Veja no Recife e em Brasília, repórter dos jornais O Globo e da Folha de S.Paulo, editor da revista Época e editor-executivo do Correio Braziliense. Hoje, é consultor de comunicação e de marketing político:

(...)

Cerca de dois meses depois de iniciadas as  investigações parlamentares acerca dos desmandos e da cobrança de propinas na Comissão de Orçamento do Congresso Nacional, o nome de Ibsen Pinheiro emergiu associado à Máfia de Anões que corrompia o erário. O primeiro documento revelado para incriminá-lo era um cheque do ex-deputado Genebaldo Correia (que renunciou ao mandato na esteira das investigações) depositado em sua conta bancária. Horas depois de divulgada a informação dando conta da existência desse cheque, a assessoria de Ibsen Pinheiro passou a afirmar que o cheque era referente a uma transação financeira com uma camionete. O valor do documento bancário era compatível com essa transação e o carro, de fato, fora transferido de um para outro – mas a obviedade do álibi não aplacou a ânsia de apuração jornalística sobre o fato. O segundo documento divulgado para estabelecer um elo entre o ex-presidente da Câmara e a Máfia dos Anões do Orçamento era uma fotografia tirada durante um jantar em uma ilha grega – mostrava Ibsen cercado por cinco dos sete anões do Orçamento. (...). O cheque de Genebaldo Correia e a foto da  Grécia sustentaram uma semana de acusações nos jornais contra o ex-presidente da Câmara dos Deputados. Mesmo desarticulados, mas fiando-se na ausência de outras provas que maculassem ainda mais a biografia de alguém que fora interlocutor privilegiado da República por dois anos, os amigos de Ibsen conquistavam terreno na árdua tarefa de desmentir as acusações. No intestino da CPI do Orçamento, que caminhava para um desfecho melancólico, pois só ia cassar deputados do chamado “baixo clero” parlamentar, buscava-se uma revelação de impacto. Foi nesse ambiente que se perpetrou um dos grandes erros jornalísticos contemporâneos. Waldomiro exibia um sorriso triunfal. “Pegamos  Ibsen”, disse-me. Em seguida, exibiu sete boletos de depósitos bancários, já dolarizados por ele, e que, segundo me dizia, provavam a transferência de US$ 1 milhão de uma conta bancária de Ibsen Pinheiro de uma agência da Caixa Econômica para uma agência do Banrisul. “Ele não tem salário para ter tanto dinheiro. Isso é a prova da corrupção”, asseverou Waldomiro. Irresponsável, mas maravilhado com a possibilidade de cravar um furo na edição de Veja do fim de semana seguinte, embarquei na versão e na dolarização. Não chequei as informações. Comuniquei aos editores em São Paulo que estava mudando o tom da reportagem que concluía e passava a ser mais afirmativo contra Ibsen. Liguei para o ex-presidente da Câmara – afinal, ouvir o outro lado é praxe muitas vezes cumprida com burocracia. Ele me negou a história, negou-me os depósitos e os valores, mas eu preferi acreditar nos documentos que tinha em mãos – afinal, registrar o outro lado burocraticamente também é praxe no jornalismo. A nova informação autorizou uma chamada de capa mais enfática contra o ex-deputado – “Até tu, Ibsen?”. A principal revista semanal de informação do País, que ia ficar exposta nas bancas por uma semana, era um libelo acusatório contra o presidente da Câmara dos Deputados que liderara a votação do impeachment ao ex-presidente Fernando Collor de Mello um ano antes. Escrevi o texto e enviei os documentos  bancários por fax para São Paulo. Com a reportagem lida, modificada e aprovada pelos diversos escalões editoriais de Veja, cheguei à minha casa por volta das 2h da madrugada do sábado. Pouco antes das 8h fui acordado por toques insistentes da campainha do apartamento onde morava. Era Silvânia Dal Bosco, colega na redação de Veja. “O Paulo Moreira quer falar com você. Deu um problema grave lá em São Paulo... na edição da matéria do Ibsen”, disse-me Silvânia. “Ele está tentando ligar para cá, para a sua casa, mas só dá ocupado.” O meu filho tinha deixado o telefone fora do gancho. Liguei para Paulo Moreira, então editor-executivo de Veja. Tenso, Paulo disse-me que Adam Sun, chinês implacável que por muitos anos zelou pela qualidade das informações publicadas em Veja na condição de chefe da equipe de checagem da revista, descobrira que a dolarização estava errada. “Lula, essa soma não dá US$ 1 milhão. Dá US$ 1 mil”, gritou-me Adam do outro lado da linha. Eu gelei. “Paulo, tem jeito?”, perguntei. “Não”, cravou-me ele, friamente. “Já rodamos 1 milhão e 200 mil capas. E jogar fora 1 milhão e 200 mil capas é um prejuízo impagável (hoje cerca de R$ 100 mil). Podemos, ainda, mexer no texto dentro da revista – mas isso vai atrasar a remessa para o Rio de Janeiro e para o interior de São Paulo”, advertiu-me ele. ‘Vê se consegue, em dez minutos, alguém para sustentar em on essa dolarização de US$ 1 milhão’, sugeriu.”
Assim foi, em síntese, na época, o extermínio da vida pública de um Parlamentar honesto, probo, digno e ético. Mas os objetivos espúrios foram atingidos. A sociedade foi enganada e uma família arrasada pela ânsia daqueles que não medem esforços e se afagam na injustiça para atingir seus malfadados objetivos. É o outro lado da moeda!

 

Blog d Floresta

 

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